segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Os três mundos


Karl Popper em sua linha argumentativa defendia a “existência” de três mundos possíveis. Ouso discorrer, superficialmente que seja, sobre este tópico, em especial ouso dar uma interpretação diferenciada, por discordar, mesmo que parcialmente, quanto ao segundo mundo por ele colocado.

O brilhante Karl Popper, que se define como um realista materialista, dispõe sobre a existência de três mundos: O mundo Físico, o mundo Mental, e o mundo Conceitual. Discorrerei a seguir sobre minha percepção destes três mundos, como: Mundo Físico, Mundo Subjetivo e o Mundo das Ideias conceituais. Cabe dizer que esta composição reflete um pensamento, uma crença e um saber pessoal, e não deve ser por ninguém tomada como absoluta, como verdade plena, devendo antes, todos e cada um, refletirem o mais crítico, lógico e racionalmente possível, antes de tomarem alguma posição, contrária ou favorável.

Quanto ao Mundo Físico, me sinto bem a vontade de discorrer sobre ele, certo ou errado em minha argumentação, pois sendo (ou acreditando ser) um realista, e sem a “pejoração” do termo, sendo também filosoficamente um tipo de materialista, o mundo físico é o centro e o escopo geral de tudo que acredito. O Mundo físico é aquele, conforme creio, que envolve diretamente toda matéria e toda a energia, incluindo-se todos os tipos de reações químicas, processos biológicos ou sociais, e que também envolve diretamente a realidade física e prática do mundo no qual vivemos, além de todas as forças físicas, direta ou indiretamente derivadas, ou decorrentes da matéria ou da energia. Como sendo, para minha percepção, este, o “mundo” global (“mundo” geral), isto acarreta que o mundo subjetivo e o mundo conceitual acabam por serem casos específicos do “mundo” geral. 


O mundo físico é naturalmente o arcabouço de tudo (físico aqui com um sentido de natural), nada existe além, acima ou à frente da própria natureza, ou nada existe que de alguma forma não possa ser redutível, ou originária deste complexo mundo de matéria e energia, em sua plena imanência material e energética. Não consigo ficar totalmente confortável com os dois próximos mundos em especial pois que de alguma forma os percebo como escopos, maiores ou menores do primeiro “mundo”, mas também, a bem da verdade, confortável não fico com qualquer reducionismo absoluto, pois eu percebo, que tanto o mundo mental quanto o conceitual possuem qualidades emergentes que não necessariamente podemos facilmente definir como naturais do mundo natural, mas sem perder de vista que no seu extremo, gostemos ou não, são parte do conjunto universo de tudo que compõe o mundo natural ou físico, e assim construo, mesmo que temporalmente, apenas a existência dos dois próximos mundos, não enquanto verdadeiros, pois que me sentiria um tanto quanto perturbado se não assumisse a existência deles, mas não necessariamente como “mundos” plenos, mas sim, talvez, como algo de porção daquele mundo natural.

O Mundo Subjetivo ou psíquico individual (o mundo dois): Prefiro a definição de mundo subjetivo, ao invés do termo mundo mental, exatamente para melhor delimitar a abrangência deste mundo, como sendo tão somente delimitado ao mundo mental ou psíquico de cada um dos animais que o produz por processos complexos biológicos/cerebrais/neurais, e que em especial, pela capacidade de domínio linguístico, podemos discorrer, no caso dos seres humanos. Desta forma o mundo subjetivo, para mim, é claramente delimitado como escopo concentrado, menor, e mais específico do “mundo” natural, sendo o mundo mental de um único ser que o possui, que o cria e que o mantém. Esta diferenciação é importante para distingui-la da possibilidade de um mundo mental global, de um mundo mental total e integrado, de algum mundo mental em rede onde sob o qual possa existir alguma forma de interação, em parte ou em totalidade, entre cada um ser em separado e este mundo mental global, como algum tipo de “incorporação” ou mesmo direcionamento, indução ou aderência. O mundo subjetivo, como o percebo, é totalmente pessoal e intransferível, é assim o mundo criado pela nossa mente individual, em interação direta ou indireta com a interpretação do real mundo físico, pelos processos intermediários mentais, através dos sensores imperfeitos e com sensibilidade limitada, que nos conectam de alguma forma com o mundo real. O mundo subjetivo de um ser, seja ele humano ou não, mas que possua complexidade neural para produzi-lo, não interfere diretamente sobre o mundo subjetivo de outro ser, esta interação somente é possível via a participação de algum dos outros dois mundos, o mundo um, o físico ou o mundo três, o das ideias (dos conceitos e da argumentação, que será nosso próximo mundo). Como exemplo, podemos interagir com o mundo subjetivo de um segundo ser, via o mundo um, o físico, por meios materiais ou energéticos como medicamentos, drogas, álcool, choques ou campos diversos, tais como o eletromagnético, e etc. Podemos interagir com um mundo psíquico de um ser, pelo mundo três, o das ideias, pelo convencimento, pela argumentação, ou mesmo pelo medo. 

O mundo três, o Mundo das Ideias, dos conceitos, o mundo das teorias e dos problemas conceituais, o mundo do conhecimento, o mundo científico (não o laboratorial em sí, mas o do saber construído), incluindo-se aí o mundo conceitual da abstração matemática (tenho a obrigação de deixar clara minha não aceitação de que, a abstração e os conceitos matemáticos pudessem existir mesmo que nada existisse para percebê-los, mesmo que nenhuma inteligência fosse capaz de conscientizá-lo, percebo a matemática como a mais bela e fantástica CRIAÇÃO do intelecto humano, apesar de que parte básica deste conceito, de forma natural, passou a integrar a mente humana (através do genoma) em maior escala, mas também a dos animais, como percepções de maior sequencias, relações, quantificação e etc., ou pelo menos é assim que percebo). No fundo, não me sinto absolutamente confortável em separar este “mundo” do mundo subjetivo, psíquico ou mental individual, e mais ainda do mundo um, o natural, mas ouso esta separação, para delimitar que as ideias são transferíveis, podem ser racionalizadas, criticadas, e podem não estar sequer aderente ao meu mundo subjetivo, mas as ideias ganham vida própria, tão logo alçam voo por meio do domínio linguístico. Consigo assim, por símbolos, por modelos, por semântica ou por outros meios torná-las públicas, e a partir daí elas podem se relacionar com o mundo subjetivo dos demais seres que possuam capacidades mínimas linguísticas de se comunicarem e discorrerem de forma crítica ou racional sobre cada ideia. As ideias nascem, crescem, reproduzem-se, evoluem muitas vezes, tomam novas formas, novas vestes, novos caminhos e passam a trilhar um conceito coletivo e social

Entendo que o grande Karl Popper se atinha principalmente aos “mundos do conhecimento”, entretanto, muitos acabam fazendo, para mim, mal uso desta divisão, utilizando-a, até mesmo, para justificar a dualidade “plantonista” do mundo ideal como perfeito e o real como um mero rascunho daquele mundo, assim, me senti impelido a escrever sobre este assunto, de novo, sem desejar ser completo, ou ser o dono da verdade, apenas deixando minha posição de unicidade total de mundos, o real, o natural o físico, o, materialista... De resto, cada um pode e deve, exercitar sua mente e pensar de forma liberta e crítica sobre este assunto. Caso tenha conseguido pelo menos uma mínima provocação que seja, daquela que você amigo leito tenha parado para refletir, já valeu ter pensado e escrito esta composição.


#onaturaleosocial
#naturalesocial

Nenhum comentário:

Postar um comentário